Grunge: a definição de um som autêntico

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O que é o Grunge, afinal? É metal? É punk? Definir o som dessas bandas não é tarefa fácil. O termo foi adotado para descrever um movimento que começou nos anos 80 e explodiu nos 90, especialmente em Seattle.

Bandas como U-Men, Soundgarden e The Melvins já estavam presentes no cenário underground da cidade quando lançaram a coletânea Deep Six, junto com Green River, Skin Yard e Malfunkshun em 1986. Essas bandas começaram a chamar atenção pelo som, atitude e visual.

As letras das músicas abordavam temas densos, introspectivos, tratando de questões sociais relevantes para a juventude da época, incluindo pautas anti-sexistas e anti-homofóbicas. Era um movimento mais reflexivo, menos exibicionista.

No livro “Mais Pesado que o Céu: Uma Biografia de Kurt Cobain”, de Charles R. Cross, há um recorte daquele momento da história de Aberdeen e da cena de Seattle através da vida do Kurt Cobain, líder do Nirvana. Quando “Smells Like Teen Spirit” se tornou um hit, Kurt ainda vivia em uma garagem, passando grande parte do tempo em seu carro antigo.

O grunge estourou no mundo em 1991, principalmente com o Nirvana, Alice in Chains, Pearl Jam e Soundgarden, trazendo uma identificação muito rápida com o público. As roupas eram simples, acessíveis e já estavam no armário de muitos fãs. Diferente do exagero do hard rock, o grunge apresentava uma estética cotidiana. Ver seus ídolos no palco usando as mesmas roupas que os fãs, essa identificação era inevitável.

O visual grunge tinha raízes no punk: coturnos, calças rasgadas, tênis All Star, camisetas de bandas underground, a ideia de desconstrução. Os cabelos largados com um aspecto desleixado. O conceito da música e roupas se misturava. Courtney Love, vocalista do Hole e ex-esposa de Kurt Cobain, rasgava e costurava vestidos de festa, ou até mesmo de casamento em suas aparições.

Mas a peça de roupa que mais marcou a época foi a camisa xadrez de flanela. Essa peça, que ficou eternamente associada ao movimento, era originalmente usada por lenhadores de cidades como Aberdeen, terra natal de Kurt Cobain. A flanela era prática, barata e adequada para proteger do frio. Não era necessariamente uma roupa para bandas ou shows, e sim para o dia a dia.

O impacto foi tão forte que, em certo momento nos anos noventa, o Grunge chegou a ir para as passarelas de moda. Marcas se apropriaram da popularidade e exploraram o visual. Isso foi criticado pelos artistas, que viam essa comercialização como uma traição aos ideais originais, deixando de lado a essência e a mensagem real.

O legado do grunge não foi apenas sonoro. O movimento deu voz ao rock alternativo, mas também abriu espaço para uma linguagem direta, crua e verdadeira que questionava vários padrões. E até hoje podemos ver esse impacto na moda, arte e cultura. O grunge permanece um símbolo de autenticidade e mudança na indústria musical.

Por Danilo Carpigiani.